Prevenção do câncer de mama com compostos naturais e hábitos de vida.

O câncer de mama figura como uma das maiores causas de morbi-mortalidade em todo o mundo e, no Brasil apresenta-se como a neoplasia maligna mais incidente entre mulheres, assim como a principal causa de morte por câncer. Diversos esforços vêm sendo realizados a fim de identificar os determinantes do câncer de mama, assim como os fatores protetores, e a abordagem terapêutica adequada. O câncer de mama consiste em um crescimento descontrolado de células da mama que adquiriram características anormais (células dos lóbulos, produtores do leite, ou dos ductos, por onde é drenado o leite), anormalidades estas causadas por uma ou mais mutações no material genético de uma célula destas estruturas. Existem mutações que fazem com que uma célula apenas se divida exageradamente, mas não tenha a capacidade de invadir outros tecidos. Isto leva aos chamados tumores benignos ou não cancerosos. Quando ocorrem mutações no material genético de uma ou mais células e esta(s) adquire(m) a capacidade não só de se dividir de maneira descontrolada mas também de evitar a morte celular que seria normal no ciclo de vida de qualquer célula do organismo e também de invadir tecidos adjacentes, elas dão origem ao câncer.

as etapas da carcinogenese

O câncer de mama é causado pela interação de fatores genéticos e ambientais. Entre estes últimos, a dieta atraiu considerável atenção, pois é um fator de risco modificável e, portanto, oferece uma oportunidade de criar estratégias de prevenção. Um estudo de revisão realizado por pesquisadores americanos, este sobre obesidade e câncer de mama e publicado em setembro de 2015 na Endocrine-Related Cancer, resumiu evidências epidemiológicas e pré-clínicas para uma associação entre obesidade e aumento do risco de incidência câncer de mama e de próstata, inclusive mortalidade. Além disso, avaliou dados de estudos de observação de alterações de peso em seres humanos e estudos de restrição calórica em modelos de ratos que suportam um papel potencial para a perda de peso para neutralizar as propriedades promotoras de tumor da obesidade, no câncer de mama e da próstata.

O excesso de peso/obesidade causou um número substancial de cânceres na Austrália, de acordo com pesquisadores da University of Queensland e do Medical Research Institute. Estima-se que 3.917 casos de câncer na Austrália (3,4% de todos os cânceres) diagnosticados em 2010 eram atribuíveis ao excesso de peso/obesidade, incluindo 971 casos de câncer de mama em mulheres na pós-menopausa. apesar das implicações da obesidade com diversos tipos de câncer, estudos moleculares identificaram os supostos mecanismos de ação pelo qual os nutrientes contidos nos produtos alimentares específicos podem exercer efeitos protetores em relação ao risco de se desenvolver o câncer de mama .

Os compostos naturais têm sido estudados como uma fonte de compostos bioativos de diferentes classes com diversas atividades. Entre eles, muitos fitoquímicos da dieta têm sido exaustivamente estudados quanto aos seus efeitos citotóxicos ou apoptóticos em diversos modelos celulares tumorais com vista a explicar a sua capacidade antineoplásica. Entre eles podemos citar a curcumina e o resveratrol, que são dois compostos naturais com um grande conjunto de evidências que mostra a sua atividade citotóxica contra uma grande variedade de células tumorais, inclusive do câncer de mama. Ao melhorarmos os métodos utilizados para os estudos da relação entre a dieta e o risco de desenvolver câncer de mama, através da aplicação de novas tecnologias ligadas a novas abordagens como a “nutrigenômica”, poderá ser possível se elaborar recomendações mais eficazes para a prevenção e tratamento do câncer de mama. Além destes compostos, vamos neste artigo abordar outros que também são eficazes no combate e prevenção do câncer de mama, como vitamina D, ômega 3, estradiol, ozonioterapia, progesterona e melatonina.

“ESSES COMPOSTOS NÃO SUBSTITUEM AS TERAPIAS CONVENCIONAIS COMO QUIMIOTERAPIA, RADIOTERAPIA E HORMONIOTERAPIA. ELES PODEM SER USADOS DE FORMA ADJUVANTE SEMPRE SOB ORIENTAÇÃO MÉDICA”

Efeitos da curcumina no câncer

A curcumina é um pigmento que ocorre naturalmente e que faz parte de um componente ativo do açafrão-da-Índia (Curcuma longa). É utilizado como um estimulante aromático suave utilizado na produção do caril em pó, que confere ao açafrão-da-índia a sua cor amarela. É utilizado como um corante natural para alimentos, com o código de aditivo alimentar E100. A curcumina contém uma mistura de fitonutrientes antioxidantes fortes, conhecidos como os curcuminóides, e que tem sido descrita como tendo propriedades anti-inflamatórias e antitumorais.

Mais de 85% dos cânceres de mama são esporádicos e atribuíveis à exposição a longo prazo a carcinógenos ambientais. De acordo com estudo realizado por Sood e colaboradores (2013) do Laboratório de Oncologia Molecular, do Departamento de Ciências Biomédicas e de Diagnóstico da Universidade do Tennessee, a curcumina apresentou efeito protetor da pré-malignidade de células de câncer de mama, induzida pelo Triclocarban (um agente carcinogênico). Outro estudo realizado por pesquisadores do Asan Institute for Life Sciences, Asan Medical Center em Seoul demonstrou que a curcumina aumenta a apoptose induzida pela TNF-related apoptosis inducing ligand (TRAIL) quando associadas, regulando estas proteínas relacionadas à apoptose em células de câncer de mama. Já, Bae e colaboradores, da Universidade Nacional de Pusan, na Coréia observaram que o tratamento com a curcumina resultou na indução de apoptose em células MDA-MB-231, uma linhagem de células metastáticas de câncer de mama. Desse modo podemos observar que a curcumina possui uma série de efeitos na prevenção e no tratamento do câncer. É o fitoquímico que inibe o maior número de vias de sinalização, transdução e transcrição que conhecemos e por esse motivo possui potente efeito contra o câncer como antiproliferativo, apoptótico, antiangiogênico e antimetastático. A curcumina suprime a proliferação de vários tipos de células tumorais in vitro, inclusive o carcinoma de mama. A curcumina interfere na proliferação celular maligna inibindo os efeitos dos fatores de crescimento tumoral e das proteínas envolvidas no ciclo celular .

O resveratrol

Resveratrol é um polifenol que pode ser encontrado principalmente nas sementes de uvas, na película das uvas mais escuras e no vinho tinto. No entanto, devido ao processo de fermentação, são mais elevados os níveis de resveratrol no vinho tinto do que em outras fontes naturais. O vinho tinto tem cerca de três vezes a quantidade de resveratrol presente no suco de uva (cerca de 1,5 a 3 miligramas por litro de vinho tinto). Já há algum tempo se tem falado sobre os benefícios deste tipo de vinho para a saúde, principalmente porque ele reduz o risco de câncer e doenças cardíacas. Estudos indicam um efeito benéfico do resveratrol na prevenção do câncer, pela sua capacidade de conter a proliferação de células tumorais, através da inibição da proteína NF Kappa Beta, envolvida na regulação da proliferação celular. Novos estudos continuam a encontrar benefícios mais interessantes deste composto, incluindo a atividade anti-inflamatória e antienvelhecimento potencial, devido à sua atividade antioxidante potente.

Indol-3-carbinol e DIM

O Indol-3-carbinol (I3C) e seus derivados oligoméricos (DIM) têm sido amplamente estudados pelas suas propriedades quimiopreventivas e quimioterapêuticas. O 3,3′-diindolmetano (DIM) é formado no ambiente ácido do estômago, após o consumo de indol-3-carbinol (I3C), pela união de duas moléculas de I3C presentes em vegetais crucíferos do gênero Brassica, do qual brócolis, repolho e couve fazem parte.

O Dr. Brandi e sua equipe, demonstraram em trabalho realizado na Universidade de Urbino Carlo Bo, na Itália, que o indol-3-carbinol (I3C) cíclico tetramérico, inibe o câncer de mama e a proliferação celular in vitro (em células das linhagens celulares de câncer da mama MCF-7 e MDA-MB 231) e in vivo em tumor xenotransplantado. E em outro artigo descreve a atividade antitumoral de uma mistura de derivados cíclicos do I3C triméricos e tetraméricos (CTr/CTet), nestes mesmos modelos, cujos resultados indicaram que a combinação CTr/CTet é um potencial agente antitumoral tanto para tumores de mama sensíveis a hormônios quanto os tumores triplo-negativo (tipo de tumor mais agressivo e tem também mais possibilidades de se espalhar para outras partes do corpo mais cedo originando metástases). Em artigo publicado pelos pesquisadores Saati e Archer, da Faculdade de Medicina da Universidade de Toronto no Canadá, o resultado obtido foi que DIM inibiu a proliferação de 3 linhagens de células de câncer de mama humanas (MCF-7, MDA-MB-231, e SKBR-3), sem afetar a linhagem de célula epitelial normal de mama MCF-10A.

Ômega-3

Diversos estudos demonstram que alimentação rica em ácidos graxos poli-insaturados, principalmente ômega-3 associada a um estilo de vida saudável, participam da prevenção do câncer. Um estudo publicado na revista British Medical Journal demonstrou a associação entre a ingestão de ômega-3, por meio do consumo de peixes, com menor risco de desenvolver câncer de mama. A pesquisa incluiu 26 estudos prospectivos com tempo médio de 4,3 a 20 anos que avaliaram o consumo de peixe, a ingestão total de ômega-3, por fontes vegetais e animais, através de questionários (frequência e recordatório alimentar) envolvendo aproximadamente 900 mil mulheres, onde 20 mil apresentavam câncer de mama. Os pesquisadores do Department of Food Science and Nutrition, da Zhejiang University na China observaram uma associação inversa entre o consumo de peixe e o risco de câncer de mama e de mortalidade. Mulheres que consumiram maiores quantidades de ômega-3 proveniente de peixes tiveram redução de 14% no risco de desenvolver câncer de mama, em comparação com aquelas que consumiam menos.

Em artigo de revisão sobre o papel da gordura dietética na fisiopatologia do câncer de mama realizada por pesquisadores do Department of Nutrition, Food Studies and Public Health da New York University, ficou constatado que a maioria dos estudos sugere que a maior ingestão de gordura saturada foi associada com aumento do risco de mortalidade por câncer de mama. Dois estudos que avaliaram a ingestão de ômega-3, sugerem uma associação inversa entre a ingestão e a mortalidade, confirmando os resultados obtidos pelos pesquisadores chineses.

Finalmente, no trabalho publicado no Journal of Nutrition Biochemistry por MacLennan e colaboradores do Department of Human Health and Nutritional Sciences, da University of Guelph, em Ontário, no Canadá, utilizando as abordagens nutricionais complementares genéticas e convencionais, pela primeira vez, proporcionam evidências experimentais inequívocas de que os ácidos graxos poli-insaturados n-3 (n-3 PUFA) estão relacionados de modo causal com a prevenção de tumores, inclusive os de mama.

As doentes com câncer da mama e que simultaneamente registem baixos níveis de vitamina D têm maiores probabilidades de morrer

Vitamina D

Em artigo de revisão, os pesquisadores da Division of Endocrinology, do College of Medicine, da Mayo Clinic, em Rochester, Drs. Kennel e Drake afirmam que já foi convincentemente demonstrado que a vitamina D, tanto in vitro quanto em modelos animais in vivo, altera os processos de diferenciação, proliferação e apoptose das células cancerosas. Dados epidemiológicos e observacionais referentes aos níveis circulantes da vitamina D e o risco de câncer sugerem uma relação inversa para a maioria dos tipos de câncer incluindo câncer de mama, colo-retal, leucemia e linfoma, e de próstata, embora para cada malignidade também existam estudos que não conseguiram demonstrar tal relacionamento inverso.

As doentes com câncer da mama e que simultaneamente registem baixos níveis de vitamina D têm maiores probabilidades de morrer devido à doença ou que esta entre em metástase, do que doentes que recebam uma boa quantidade deste nutriente. Um estudo recente da Dra. Pamela Goodwin do Hospital Mount Sinai de Toronto demonstrou que a “vitamina do Sol” possui propriedades anti-cancerígenas e os resultados vieram renovar os argumentos que um pouco mais de sol faz bem à saúde. Apenas 24% das mulheres que participaram deste estudo tinham uma quantidade suficiente de vitamina D quando lhes foi diagnosticado câncer da mama. Aquelas que apresentavam a deficiência vitamínica, tinham praticamente o dobro das probabilidades do câncer se espalhar nos próximos 10 anos, e 73% mais probabilidades de morrer da doença. “É a primeira vez que se relaciona a vitamina D com a progressão do câncer da mama”, diz Goodwin.

Um estudo prospectivo conduzido por pesquisadores da Universidade da Califórnia, San Diego School of Medicine descobriu que baixos níveis séricos de vitamina D nos meses podem levar a alto risco de câncer de mama na pré-menopausa. O estudo dos níveis sanguíneos de 1.200 mulheres saudáveis, descobriram que as mulheres cujos níveis séricos de vitamina D foi baixo durante o período de três meses antes do diagnóstico foi cerca de três vezes o risco de câncer de mama em relação a mulheres com nível mais alto de vitamina D. “Embora os mecanismos pelos quais a vitamina D previne o câncer de mama não são totalmente compreendidos, este estudo sugere que a associação com baixo nível de vitamina D no sangue é mais forte no final do desenvolvimento do câncer”, disse o investigador principal Cedric Garland, professor do Departamento de Família e Medicina Preventiva na Universidade da Califórnia em San Diego. Em um encontro de pesquisadores da vitamina D, recentemente realizado em Toronto (2010), o Dr. Cedric Garland fez um anúncio de grande sucesso: o câncer de mama pode ser praticamente “erradicado”, elevando os níveis de vitamina D ao nível fisiológico natural.

Em um novo estudo prospectivo realizado por pesquisadores do French National Institute of Health and Medical Research e publicado na edição deste mês do American Journal of Clinical Nutrition, a alta concentração sérica de vitamina D [25 (OH) D ≥30 ng/mL] foi associada à diminuição do risco de cânceres relacionados com o tabaco, especialmente em fumantes. Estes resultados sugerem que a vitamina D pode contribuir para a prevenção de cânceres induzidos pelo tabaco nos fumadores e merece investigação adicional. Uma revisão das publicações na PubMed dos últimos 2 anos sobre câncer e vitamina D, retornou que todas os trabalhos publicados com exceção de um, constataram que o risco de câncer observado diminuiu ente 19 e 40% nos indivíduos com status adequado de vitamina D.

A alta concentração sérica de vitamina D [25 (OH) D ≥30 ng/mL] foi associada à diminuição do risco de cânceres relacionados com o tabaco

 

Ozonioterapia – esta prática não é regulamentada no país!

As aplicações de ozonioterapia são determinadas por suas propriedades antiinflamatórias, antisépticas, de modulação do estresse oxidativo, da melhora da circulação periférica e da oxigenação. Isto determina o amplo número de patologias em que pode ser utilizada sozinha ou como tratamento complementar. As concentrações e modo de aplicação variam de acordo com o problema a ser tratado, já que a concentração de ozônio determina o tipo de efeito biológico e o modo de aplicação relaciona-se a sua ação no organismo.

Em 1931, um médico alemão chamado Otto Warburg recebeu o Prêmio Nobel por uma série de descobertas inovadoras. Ele mostrou que as células cancerosas sobrevivem e crescem por quebrar a glicose, na ausência de oxigênio, num processo chamado glicólise. Warburg explica suas descobertas em uma apresentação em 1966: “As células cancerosas satisfazem as suas necessidades de energia através de processos de fermentação, não de oxidação. Assim, elas são dependentes de glicose e um ambiente de elevada concentração de oxigénio é tóxico a elas. O “efeito Warburg”, como agora é conhecido, tem levado muitos médicos a tratar o câncer por saturação do corpo com oxigênio.

De acordo com trabalho publicado na Science por Sweet e colaboradores, o crescimento de células cancerígenas de pulmão, mama e útero foi seletivamente inibido de forma dose-dependente por ozônio na concentração de 0,3 a 0,8 parte por milhão (ppm) no ar ambiente, durante 8 dias de cultura. Fibroblastos pulmonares humanos serviram como células de controle saudáveis. A presença de ozônio de 0,3 a 0,5 partes por milhão inibiu o crescimento de células cancerígenas em 40 e 60 por cento, respectivamente. As células não cancerosas do pulmão não foram afetadas nesses níveis. A exposição ao ozônio a 0,8 partes por milhão, inibiu o crescimento celular do câncer em mais de 90 por cento e o crescimento de células de controle, inferior a 50 por cento. Evidentemente, os mecanismos de defesa contra os danos do ozônio são deficientes em células cancerosas humanas.

ozone

A ozonioterapia é reconhecida pelo Ministério da Saúde de países como Alemanha, Itália e de outros 16 países. Para se ter ideia, Cuba dispõe de 39 centros clínicos de ozonioterapia, enquanto na Rússia a prática é utilizada e está disponível em todos os hospitais públicos mantidos pelo governo.

Melatonina

A melatonina (MEL) é o principal hormônio da glândula pineal. Foi isolada pela primeira vez em 1958. Ela é produzida e secretada, principalmente, pelos pinealócitos da glândula pineal, segundo um padrão rítmico, com pico secretório no período noturno e quase nenhuma síntese no período diurno. A melatonina é conhecida por ser responsável pela regulação do relógio biológico e, portanto, regular funções do organismo como a fome e o sono. Alguns estudos já comprovaram a eficácia da melatonina na prevenção de distúrbios como a diabetes e a enxaqueca, mas seu papel no combate contra o câncer ainda era incerto. As primeiras correlações entre a pineal e o combate ao câncer datam do final do século XIX, quando alguns médicos já ofereciam extratos de pineal a seus pacientes oncológicos. Bartsch e colaboradores descreveram uma redução de 31% da MEL na urina das mulheres com câncer de mama. O uso da MEL no câncer de mama foi uma das primeiras e mais bem estudadas aplicações terapêuticas do hormônio em pacientes oncológicas e se mostrou muito promissor. Diversos estudos têm comprovado a eficácia do uso da melatonina na prevenção e tratamento do câncer de mama. Um exemplo disto é o recente estudo realizado por pesquisadores americanos e brasileiros e publicado em agosto de 2015, a melatonina se mostrou eficaz no controle do câncer da mama metastático in vitro e in vivo, não só através da inibição da proliferação de células tumorais, mas também através de antagonismo direto do mecanismo metastático das células através da inibição da ROCK-1, uma molécula promotora de metástase.

O uso da melatonina no câncer de mama foi uma das primeiras e mais bem estudadas aplicações terapêuticas do hormônio em pacientes oncológicas e se mostrou muito promissor

Em uma outra pesquisa, realizada por um grupo de cientistas da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), uma linhagem de células metastáticas, ou seja, células cancerígenas com tendência a se propagarem pelo organismo, atingindo regiões do corpo diferentes daquelas onde foram encontradas, foram implantadas no dorso de um grupo de camundongos. Uma parte dos roedores recebeu apenas placebo, enquanto a outra parte recebeu doses diárias de um miligrama de melatonina durante 21 dias após a implantação das células. Ao término do período, os camundongos que foram tratados com o hormônio apresentaram tumores que mediam aproximadamente metade do tamanho daqueles apresentados pelo outro grupo, que não teve contato com a substância – a média de volume dos tumores dos animais que receberam melatonina foi de 144,89 milímetros cúbicos, enquanto a dos outros foi de 282,03 milímetros cúbicos. Os experimentos com os camundongos foram realizados no Hospital Henry Ford, nos Estados Unidos, durante o doutorado em genética da aluna Bruna Victorasso, e fazem parte de um trabalho maior, conduzido por Débora Zuccari, que tenta identificar a relação entre o câncer de mama e a melatonina. “O objetivo geral do nosso trabalho foi verificar a angiogênese (crescimento de novos vasos sanguíneos, que servem para ‘alimentar’ os tumores) e metástase em resposta ao tratamento com a melatonina”, explica Débora Zuccari, coordenadora do Laboratório de Investigação Molecular do Câncer (Limc) e orientadora da pesquisa. Segundo Bruna, mulheres que apresentam deficiência na produção de melatonina podem ser mais suscetíveis ao câncer de mama. “Existem estudos científicos que relacionam o trabalho noturno com o aumento do risco do câncer de mama, uma vez que a exposição à luz artificial à noite reduz a secreção da melatonina”

A melatonina além de estimular o sistema imunológico, estimula a produção das chamadas ‘células assassinas’, que tem a função de destruir o câncer e micro-organismos causadores de doenças (Int J Exp Pathol. 2006 April; 87(2): 81–87). Também estimula outros componentes do sistema imune, incluindo as células T-helper, linfócitos, macrófagos e monócitos. Todos estes componentes são importantes para nos manter livres de câncer, e o nosso sistema imune simplesmente não pode funcionar sem a correta presença deles.

Estradiol e Progesterona

Induzir um estado de hipoestrogenismo pode ser benéfico em determinadas situações onde os estrogênios estão contribuindo para efeitos indesejáveis, como por exemplo, certas formas de câncer de mama. Estudos demonstram que o estradiol associado ao Estriol, reduz as chances de desenvolvimento do câncer de mama. O Estriol é um hormônio que tem a capacidade de bloquear a formação de metabólitos hormonais cancerígenos derivados da estrona, que são, respectivamente, a 2-OH-estrona e a 4-OH-estrona, os verdadeiros responsáveis pela estimulação hormonal no câncer de mama em mulheres. Em pesquisa realizada por Ellis e colaboradores do Department of Medicine, Division of Oncology, da Washington University School of Medicine em St Louis, mulheres com câncer da mama avançado e de resistência adquirida a inibidores da aromatase, tratadas com uma dose diária de 6 mg de estradiol tiveram uma taxa de benefício clínico semelhante à dose de 30 mg, com menos efeitos adversos graves. Já a progesterona natural ativa o gene p53, um conhecido controlador da multiplicação celular.

Chá Verde

Chá verde é um tipo de chá feito a partir da infusão da planta Camellia sinensis. É chamado de verde porque as folhas da erva sofrem pouca oxidação durante o processamento. Originalmente da China, o chá foi levado ao Japão através de monges que viajavam entre os dois países. Curiosamente, o chá verde foi o único chá que se popularizou no Japão, mas foi de maneira única, tornando-se a bebida mais consumida do país, superando refrigerantes e bebidas alcoólicas. Estudos indicam que o chá verde é rico em substâncias antioxidantes, chamadas polifenóis, que evitam a ação destrutiva das moléculas de radicais livres que degeneram as células, auxiliando, por exemplo, na prevenção do câncer, tendo efeito anti-envelhecimento e na queima de gorduras. Possui bioflavonóides e catequinas: substâncias que bloqueiam as alterações celulares que dão origem aos tumores. O chá verde também possui manganês, potássio, ácido fólico, vitamina C, vitamina K, vitamina B1 e a vitamina B2.

Em estudo publicado na revista Vascular Cell este ano, pesquisadores do Cancer Institute, do University of Mississippi Medical Center, em Jackson, Mississippi, demonstraram que o EGCG (Epigalocatequina Galato), a principal catequina do chá verde, atinge diretamente tanto as células tumorais quanto a vascularização do tumor, inibindo assim o crescimento, proliferação, migração e angiogênese do câncer de mama , que é mediada pela inibição da ativação da HIF-1α e NFkB, bem como a expressão de VEGF.

Os estudos de laboratório sugerem que as funções do EGCG em nível celular interferem favoravelmente ao organismo contra vários tipos de cânceres, incluindo câncer de mama (Cancer Detect Prev. 2007 Nov 29; Cancer Biol Ther. 2007, 6:12). Estes resultados são muito encorajadores. O extrato de chá verde reduz o tamanho de vários dos tumores dia a dia, em alguns casos, removendo-os por completo. Estas pesquisas podem abrir portas para novos tratamentos para aquela que ainda é uma das doenças que mais mata em muitos países. O crescente interesse em seus benefícios levou à inclusão do chá verde no grupo de bebidas com propriedades funcionais.

A EGCG (Epigalocatequina Galato), a principal catequina do chá verde, atinge diretamente tanto as células tumorais quanto a vascularização do tumor, inibindo assim o crescimento, proliferação, migração e angiogênese do câncer de mama

grafico inibicao tumor por EGCG

 

Selênio

Entre os micronutrientes mais investigados por sua atuação quimiopreventiva na carcinogênese mamária é importante ressaltar as vitaminas antioxidantes, assim como o folato e o selênio. O selênio é um componente importante da enzima antioxidante glutationa peroxidase, que inibe a proliferação celular, e em estudos com animais, pode proteger contra uma variedade de cânceres. Boas fontes do mineral incluem as carnes, oleaginosas (castanha-do-Pará, amêndoa), cereais integrais. Os vegetarianos encontram boas fontes em aspargos, cogumelos, cebolas, alho.

São muitos os benefícios à quem supre a quantidade diária necessária de selênio, cerca é cerca de 200 mcg. Pesquisas recentes mostram que aqueles com maior ingestão de selênio apresentam risco reduzido 39% do câncer de bexiga, ainda do câncer de mama, esôfago, próstata, pulmão. Além disso, o selênio faz com que que as células danificadas sejam incapazes de se reproduzir, destruindo células cancerosas, pré-cancerosas e retardando a progressão em pacientes já diagnosticados.

Em um estudo prospectivo de casos publicado no Niger Postgrad Medical Journal este ano, cujo objetivo foi avaliar os níveis teciduais de selênio em pacientes com casos de fibroadenoma e de câncer da mama, afim de relacioná-los com a ocorrência das patologias da mamas, os pesquisadores relatam que das 127 mulheres avaliadas ( 75% portadoras de fibroadenoma e 25% câncer de mama), foi observado que o teor de selênio era menor no tecido do câncer de mama do que em fibroadenoma. O selênio tecidual inibe a carcinogênese, portanto um baixo nível de selênio no tecido pode ser um fator no desenvolvimento do câncer de mama.

Pesquisas científicas relatando os benefícios do selênio na prevenção do câncer incluem entre eles:

– Regulação da proliferação celular e apoptose (morte celular programada);

– Maior sistema de proteção antioxidante e sistema imune;

– Reparo de DNA em células danificadas;

– Redução na irrigação de vasos sanguíneos que suprem nutrientes para o câncer;

– Redução da invasão das células tumorais.

Em artigo de revisão, o Dr. Yu-Chi Chen e colegas do Department of Biochemistry and Molecular Cell Biology, da Pennsylvania State University, examinaram o relacionamento entre o selênio (Se) e metástase, um acontecimento tardio na progressão do câncer, e avaliaram o potencial do Se, como um agente anti-angiogênico ou anti-metastático. Estudos in vitro indicam que os compostos de Se e Selenoproteínas inibem a motilidade celular, a migração e a invasão, e reduzem fatores angiogênicos em algumas destas células cancerosas, outros estudos em animais mostram que a suplementação de Se resultou numa diminuição da densidade de microvasos e metástases.

Unha de gato

Uma planta medicinal muito popular no norte da América do Sul e América Central é a Unha de Gato (Uncaria tomentosa), uma trepadeira arbustiva da família Rubiaceae . Ela é originária da floresta Amazônica, mas também pode ser encontrada em outras áreas tropicais. Por ser muito semelhante às garras do pequeno felino, a planta ganhou o nome notório de Unha de Gato. Os povos incas foram os pioneiros ao tirar benefícios dos princípios ativos dessa planta e com o passar do tempo foram passando seus conhecimentos para os índios. É possível encontrar na Unha de Gato princípios ativos como Alcalóides (rinocofilina, isorincofilina, mitrafilina, isomitrafilina, F-mitrafilina, hirsuteína, hirsutina, dihidrocorianteína, isopteropodina, A, pteropodina, speciofilina e uncarina), Polifenóis, Procianidinas A, B1 e B4, Glicosídeos e triterpenos do ácido quinóvico, Fitosteróis, B-sitosterol, Estigmasterol, Campesterol.

Alguns dos tratamentos recomendados no câncer de mama envolvem quimioterapia, cujos efeitos tóxicos incluem leucopenia e neutropenia. Em estudo realizado pelos pesquisadores do Departamento de Química da Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, foi avaliada a eficácia da Uncaria tomentosa (UT) uma planta da família Rubiaceae, para reduzir os efeitos adversos da quimioterapia através de um ensaio clínico randomizado. A Uncaria tomentosa reduziu a neutropenia causada pela quimioterapia e também foi capaz de restaurar o dano ao DNA celular, levando à conclusão de que Ut é um tratamento adjuvante eficaz para o câncer de mama. Além disso, a atividade de preparações de Uncaria tomentosa em células cancerosas, foi estudada in vitro e utilizando modelos in vivo por pesquisadores do Institute of Bioorganic Chemistry, da Polish Academy of Sciences. Os testes foram preparados com diferentes composições quantitativas e qualitativas do alcalóide oxindol. Os resultados obtidos mostraram uma elevada correlação entre o conteúdo total de alcalóide oxindol e a atividade anti-proliferativa das preparações. Outros estudos em camundongos portadores de carcinoma pulmonar de Lewis mostraram uma inibição significativa do crescimento do tumor por oxindol administrado durante 21 dias, em doses diárias de 5 mg. Todas as preparações testadas eram não tóxicas e bem toleradas.

Em outro estudo, foi investigado pela primeira vez, os efeitos anti-proliferativos e apoptóticos dos alcaloides oxindole altamente purificados, denominados isopteropodina (A1), pteropodina (A2), isomitrafilina (A3), uncarina F (A4) e mitrafilina (A5) obtidos a partir da Uncaria tomentosa, em células T de leucemia linfoblástica humana (CCRF-CEM-C7H2). Quatro dos cinco alcalóides testados inibiram a proliferação de células de leucemia linfoblástica aguda. Além disso, o efeito antiproliferativo dos mais potentes alcalóides pteropodina (A2) e uncarina F (A4), correlacionada com a indução de apoptose. Após 48 h, com 100 mmol / l ou A4 A2 aumento das células em apoptose em 57%. Os resultados obtidos mostraram os fortes efeitos apoptóticos da pteropodina e da uncarina F sobre os linfoblastos em leucemias agudas .

 

Referências:

Fisiopatologia do câncer

http://www.inca.gov.br/enfermagem/docs/cap2.pdf

O que é o cancro da mama triplo negativo?

http://www.laco.pt/site/files/Thu31505202009O_cancro_da_mama_triplo_negativo.pdf

Câncer de Mama –  Sobre o Câncer

http://www.mulherconsciente.com.br/cancer-de-mama/tipos/

The anti-cancer medicine in broccoli (DIM nutrients) isn’t released until you chew them to combine two phytochemicals

http://www.naturalnews.com/035521_broccoli_cancer_I3C.html

A Vitamina D ajuda doentes com Cancro da Mama

http://www.alimentacaosaudavel.org/Prevencao-Cancro-Mama.html

O Papel dos Alimentos Funcionais na Prevenção e Controle do Câncer de Mama

http://www.inca.gov.br/rbc/n_50/v03/pdf/REVISAO3.pdf

Ozonioterapia, Autohemoterapia, que coincidência?

http://amigosdacura.ning.com/forum/topics/ozonioterapia-autohemoterapia

Pesquisa brasileira descobre que melatonina pode combater câncer de mama.

http://veja.abril.com.br/noticia/saude/pesquisa-brasileira-descobre-que-melatonina-pode-combater-cancer-de-mama

Pesquisa indica que chá verde protege contra alzheimer e câncer.

http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/bbc/2011/01/06/pesquisa-indica-que-cha-verde-protege-contra-alzheimer-e-cancer.htm

A unha-de-gato e suas propriedades.

http://www.outramedicina.com/47/a-unha-de-gato-e-suas-propriedades

Impact of diet on breast cancer risk: a review of experimental and observational studies.

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Impact+of+diet+on+breast+cancer+risk%3A+a+review+of+experimental+and+observational+studies.

Mutant p53-Notch1 Signaling Axis Is Involved in Curcumin-Induced Apoptosis of Breast Cancer Cells.

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Induction of human breast cell carcinogenesis by triclocarban and intervention by curcumin.

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Inhibition of fatty acid synthase and Sp1 expression by 3,3′-diindolylmethane in human breast cancer cells.

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21767081

Antitumoral activity of indole-3-carbinol cyclic tri- and tetrameric derivatives mixture in human breast cancer cells: in vitro and in vivo studies.

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Intake of fish and marine n-3 polyunsaturated fatty acids and risk of breast cancer: meta-analysis of data from 21 independent prospective cohort studies.

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Dietary fat in breast cancer survival.

http://www.annualreviews.org/doi/abs/10.1146/annurev-nutr-112912-095300

Mammary tumor development is directly inhibited by lifelong n-3 polyunsaturated fatty acids.

http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0955286312002094

Vitamin D in the cancer patient.

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Curr+Opin+Support+Palliat+Care.+2013%2C+3%3A272-7.

The role of melatonin in immuno‐enhancement: potential application in cancer.

http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.0959-9673.2006.00474.x/full

Ozone selectively inhibits growth of human cancer cells.

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/7403859

Lower-Dose vs High-Dose Oral Estradiol Therapy of Hormone Receptor–Positive, Aromatase Inhibitor–Resistant Advanced Breast Cancer.

https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/184425

EGCG, a major green tea catechin suppresses breast tumor angiogenesis and growth via inhibiting the activation of HIF-1α and NFκB, and VEGF expression.

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Vasc+Cell.+2013%2C+5(1)%3A9

Selenium levels in neoplastic breast lesions.

http://europepmc.org/abstract/med/23959347

Is selenium a potential treatment for cancer metastasis?

http://www.mdpi.com/2072-6643/5/4/1149/htm

Anticancer activity of the Uncaria tomentosa (Willd.) DC. preparations with different oxindole alkaloid composition.

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20576410

Oxindole alkaloids from Uncaria tomentosa induce apoptosis in proliferating, G0/G1-arrested and bcl-2-expressing acute lymphoblastic leukaemia cells.

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16445836

Prospective associations between vitamin D status, vitamin D-related gene polymorphisms, and risk of tobacco-related cancers.

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26447153

WCRF-AICR continuous update project: Systematic literature review of prospective studies on circulating 25-hydroxyvitamin D and kidney cancer risk.

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26454157

Obesity and cancer: mechanistic insights from transdisciplinary studies.

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26373570

Cancers in Australia in 2010 attributable to overweight and obesity

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26437731

Melatonin decreases breast cancer metastasis by modulating ROCK-1 expression.

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26292662

Urinary melatonin levels in human breast cancer patients.

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Urinary+melatonin+levels+in+human+breast+cancer+patients.+J+Neural+Transm.+1981%3B52(4)%3A281-94.

Melatonina e câncer – revisão da literatura

http://www1.inca.gov.br/rbc/n_51/v01/pdf/revisao2.pdf

Dr. Roberto Franco do Amaral – Especialista em Medicina Laboratorial CRM 111310

4 respostas

  1. Gostei muito da maneira em que o assunto é explanado, tenho 39 anos descobri que estou c câncer de mama há 20 dias.
    Vou iniciar meu tratamento na semana q vem no Cqa Campinas, tenho muitas dúvidas.
    Obrigada

    1. Bom dia, existe um no texto.

      “O Estriol é um hormônio que tem a capacidade de bloquear a formação de metabólitos hormonais cancerígenos derivados da estrona, que são, respectivamente, a 2-OH-estrona e a 4-OH-estrona, os verdadeiros responsáveis pela estimulação hormonal no câncer de mama em mulheres”

      É mencionado que o 2-OH estrona é cancerígeno, quando na verdade é o 16-Alfa-OH Estrona. 2-OH é mocinho.

      Abraço

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