Síndrome da Fadiga Crônica: Novas Descobertas do Estudo do NIH
O que é a Síndrome da Fadiga Crônica (EM/SFC)?
A encefalomielite miálgica, também chamada de Síndrome da Fadiga Crônica, é caracterizada por cansaço extremo que não melhora com descanso e piora após esforço.
Como foi conduzido o estudo do NIH:
Entre 2016 e 2020, o NIH avaliou 217 pacientes. Apenas 17 atenderam a critérios rigorosos e passaram por testes médicos, neurológicos e laboratoriais.
Principais alterações encontradas no corpo:
1. Disfunção autonômica cardiovascular
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Frequência cardíaca mais alta durante o dia e menor queda à noite.
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Alteração no barorreflexo, que ajuda a regular a pressão arterial.
2. Conexão cérebro-músculo prejudicada
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Dificuldade em manter força muscular por longos períodos.
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Alterações no córtex motor indicam controle neuromuscular menos eficiente.
3. Redução no desempenho físico
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Menor potência e consumo de oxigênio, mesmo com esforço máximo.
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Fadiga aparece mais cedo durante exercícios.
4. Alterações nos neurotransmissores
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Redução de substâncias relacionadas à dopamina e serotonina, especialmente em mulheres.
5. Diferenças na genética muscular
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Alterações distintas no metabolismo energético entre homens e mulheres.
6. Alterações no sistema imunológico
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Sinais de exaustão de células T e mudanças nas células B.
7. Desequilíbrio da microbiota intestinal
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Menor diversidade e mudanças na composição das bactérias intestinais.
O que o estudo descartou?
Não foram encontradas evidências de inflamação cerebral, intoxicação por metais pesados, autoimunidade ou problemas mitocondriais como causa principal.
Critérios para Síndrome da Fadiga Crônica:
| Categoria | Exigência | Sintomas |
|---|---|---|
| Exaustão Neuroimune Pós-Esforço (PENE) | Obrigatório | – Fadiga física e/ou cognitiva acentuada e rápida após esforço.- Exacerbação de sintomas como sensação gripal, dor e piora de outros sintomas.- Pode ocorrer imediatamente ou após atraso, durando dias, semanas ou mais. |
| Deficiências Neurológicas | 1 ou mais sintomas de 3 de 4 categorias |
1) Deficiências neurocognitivas: pensamento lento, concentração prejudicada, problemas de memória, fala lenta, dislexia por esforço. 2) Dor: dores de cabeça crônicas com tensão muscular .3) Distúrbios do sono: insônia, sono não reparador. 4) Problemas motores: fraqueza. |
| Deficiências Imunológicas, Gastrointestinais e Geniturinárias (GU) | 1 ou mais sintomas de 3 de 5 categorias |
1) Sintomas semelhantes à gripe .2) Suscetibilidade a infecções virais. 3) Gastrointestinais: náuseas, inchaço, síndrome do intestino irritável. 4) Geniturinários: urgência urinária, noctúria 5) Sensibilidade a alimentos, odores ou produtos químicos. |
| Deficiências na Produção/Transporte de Energia | 1 ou mais sintomas |
1) Cardiovascular: intolerância ortostática, palpitações, vertigem. 2) Respiratório: respiração difícil, falta de ar, cansaço dos músculos torácicos.3) Perda de estabilidade térmica.4) Intolerância a temperaturas extremas. |
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Abordagens Terapêuticas :
| Classe de Medicamento | Exemplos | Para que serve |
|---|---|---|
| Anti-inflamatórios (AINEs) | Ibuprofeno, Naproxeno | Ajudam a aliviar dores musculares, articulares, dores de cabeça e febre, além de reduzir inflamação. |
| Anticonvulsivantes | Gabapentina, Pregabalina | Usados para dores nos nervos e também para melhorar o sono em alguns casos. |
| Antidepressivos | – ISRS: fluoxetina, sertralina, paroxetina – Tricíclicos: amitriptilina, doxepina, desipramina, nortriptilina, clomipramina, imipramina | Podem ajudar em dor crônica, fibromialgia, ansiedade e depressão. Tricíclicos melhoram o sono e reduzem dor, mas podem levar 3 a 4 semanas para fazer efeito. |
| Narcóticos (Opioides) | Tramadol, Codeína, Morfina | Usados apenas em dores muito fortes que não melhoram com outros remédios. Devem ser prescritos por pouco tempo devido ao risco de dependência. |
| Antivirais e Imunomoduladores | Ritatolimod (Ampligen), Aciclovir, Valganciclovir | Podem ajudar em casos relacionados a infecções virais. Têm efeitos colaterais possíveis, como risco para os rins. |
| Interferons | — | Uso ainda incerto, pois faltam estudos de qualidade para confirmar benefícios no SFC/EM. |
| Esteroides | Hidrocortisona, Fludrocortisona, Combinação dos dois | Pesquisados para aliviar sintomas. Alguns estudos mostraram resultados variados e seu uso ainda é avaliado. |
Ref: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC5301046/
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L-Carnitina: o aminoácido que ajuda na energia, no cérebro e na redução da fadiga:
A L-carnitina é um aminoácido essencial para o transporte de gorduras até as mitocôndrias — as “usinas de energia” das células. Esse processo é fundamental para que músculos e cérebro usem a gordura como combustível, favorecendo desempenho físico e mental.
O que dizem os estudos:
Pesquisas apontam que suplementar L-carnitina ou sua forma acetil-L-carnitina pode trazer benefícios significativos:
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Uma revisão científica de 2006 já indicava efeitos positivos no combate à fadiga.
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Em 2008, um estudo com 96 idosos com Síndrome da Fadiga Crônica mostrou que, após 6 meses de suplementação, houve:
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Menos fadiga física e mental
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Melhora da memória e concentração
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Aumento da capacidade física
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Conclusão: a L-carnitina pode ajudar na energia, saúde cerebral e disposição.
No entanto, a suplementação deve ser orientada por um médico ou nutricionista para garantir segurança e eficácia.
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Conclusão
A pesquisa do NIH mostra que a Síndrome da Fadiga Crônica envolve múltiplos sistemas do corpo. Esses achados podem guiar futuros tratamentos e melhorar o diagnóstico.

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Referências :
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Compston ND.
An outbreak of encephalomyelitis in the Royal Free Hospital Group, London, in 1955.
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Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/746018/ -
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Brurberg KG, Fonhus MS, Larun L, Flottorp S, Malterud K.
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Disponível em: https://bmjopen.bmj.com/content/4/2/e003973 -
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Treatment and management of chronic fatigue syndrome/myalgic encephalomyelitis: all roads lead to Rome.
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Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28052319/


