Obesidade, resistência a insulina, diabetes e câncer de mama – Qual a relação?

Insulina e câncer de mama

Um crescente corpo de evidências indica uma forte associação entre diabetes tipo 2 e câncer. Estas duas doenças comuns, que estão aumentando suas incidências, em consequência do estilo de vida ocidental, frequentemente ocorrem na mesma paciente. Nos últimos anos, uma extensa pesquisa tentou avaliar e esclarecer as possíveis ligações entre diabetes tipo 2 e câncer de mama. Em particular, o papel da insulina na etiologia do câncer da mama e seu prognóstico têm recebido crescente atenção.

A associação entre a insulina e o câncer é biologicamente plausível: hiperinsulinemia induz anomalias proliferativas do tecido, devido ao forte efeito anabólico da insulina, o que resulta na síntese de DNA e proliferação celular estimulada. Este efeito também pode ser explicado pela ativação cruzada da Insulina-like Growth Factor receptor família (IGF). IGFs são mediadores endócrinos do hormônio de crescimento e também pode agir de forma parácrina e autócrina para regular o crescimento celular, diferenciação, apoptose e transformação em diferentes tecidos, incluindo tecido mamário.

Na edição no. 29 do Journal of Clinical Oncology, quatro artigos lançam luz sobre o prognóstico do câncer de mama em mulheres com diabetes ou resistência à insulina e obesidade. Todos os estudos fornecem provas adicionais de um prognóstico desfavorável do câncer de mama em pacientes com diabetes tipo 2, quer explícitas ou não diagnosticadas, ou em pacientes com diferentes formas de intolerância à glicose.

Ou seja amigos, uma das importantes causas de câncer está no seu garfo. Enquanto acharmos válido campanhas que associam fast food a prevenção de cãncer como por exemplo Mc Dia Feliz, as estatísticas de câncer continuarão a subir.

A obesidade está ligada a 11 tipos de câncer

Evidências fortes corroboram a associação entre a obesidade e 11 tipos de câncer, que em sua maior parte compreendem tumores do trato digestivo e neoplasias relacionadas com os hormônios nas mulheres, de acordo com uma nova análise publicada on-line em 28 de fevereiro de 2017 no periódico British Medical Journal. Este novo estudo é conhecido como “síntese de revisões sistemáticas” ou metacomentário, porque avalia as meta-análises e as revisões sistemáticas existentes.

A conclusão da síntese de revisões sistemáticas – de que o excesso de gordura corporal aumenta a incidência da maior parte das neoplasias do sistema digestivo, bem como do câncer de mama e do câncer endometrial após a menopausa – vai ao encontro do relatório feito no ano passado pela International Agency for Research on Cancer 

No entanto, a International Agency for Research on Cancer encontrou associações com outros tipos de câncer (como o câncer hepático, de tireoide e de ovário) que o presente estudo não observou. No entanto, os dados são “claros”, dizem os editorialistas. “A conclusão inevitável a partir destes dados é que a prevenção do excesso de peso no adulto pode reduzir o risco de câncer”.

A prevenção do excesso de peso no adulto pode reduzir o risco de câncer

Os médicos – especialmente os que trabalham no atendimento primário – “podem ser uma força poderosa para reduzir o ônus do câncer relacionado à obesidade”, dado o papel deles no rastreamento e na prevenção da obesidade, afirmam os pesquisadores. O excesso de gordura corporal é potencialmente o segundo fator de risco de câncer modificável mais importante depois do tabagismo, dizem.

Síntese de revisões sistemáticas

A nova síntese de revisões sistemáticas avaliou 95 meta-análises informando uma associação entre o excesso de gordura corporal (medida em uma escala contínua) e o risco de ter câncer, ou de morrer da doença. A obesidade foi definida como índice de massa corporal (IMC) > 30 kg/m2. Foram sete índices de excesso de gordura corporal/tecido adiposo, incluindo o índice de massa corporal, a circunferência da cintura, o peso e a relação cintura-quadril.

Após analisar esses 12 estudos a equipe determinou que havia uma associação entre a gordura corporal e 11 tipos de câncer: adenocarcinoma de esôfago, mieloma múltiplo, neoplasias da cárdia, cólon (nos homens), reto (nos homens), trato biliar, pâncreas, mama (após a menopausa), endométrio (antes da menopausa), ovário e rim. Os autores determinaram que os outros 83 estudos tiveram evidências muito sugestivas (18%), sugestivas (25%) e fracas (20%); além disso, 25% não tinham evidências de associação.

Estudos prospectivos serão necessários para tirar “conclusões mais fidedignas” sobre quais tipos de câncer são causados pelo excesso de gordura corporal, dizem os autores do estudo. Não se sabe quem exatamente é de alto risco, dizem os pesquisadores. Se isso pudesse ser identificado, as pessoas poderiam ser escolhidas para a “personalização das estratégias de prevenção primária e secundária”, escreveram os pesquisadores.

Referências:

Insulin Breast Cancer Connection: Confirmatory Data Set the Stage for Better Care

http://jco.ascopubs.org/content/29/1/7.full

Adiposity and cancer at major anatomical sites: umbrella review of the literature

http://www.bmj.com/content/356/bmj.j477

Fresh evidence links adiposity with multiple cancers

http://www.bmj.com/content/356/bmj.j908

Evidências fortes relacionam obesidade a 11 tipos de câncer

http://portugues.medscape.com/verartigo/6500997?src=soc_fb_1703013_mscpmrk_portpost_6500997-obesidade11tiposdecancer

Dr. Roberto Franco do Amaral – Especialista em Medicina Laboratorial CRM 111310

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